sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
Aprendendo e ensinando a ler a Folha no seu aniversário
No aniversário da Folha...
15 contribuições ao jornal Folha
Não é qualquer empresa que consegue sobreviver por 100 anos.
Por si já é um grande feito. Mas a Folha não é qualquer empresa, é um grande negócio de comunicação. E, se qualquer empresa precisa de bons governos, os jornais e a mídia em geral, precisam muito mais...
Hoje a Folha completa 100 anos de vida. Merece a saudação de todos. Tanto dos que a amam, quanto dos que a odeiam.
Eu, como tenho uma relação de “amor e ódio”, e a leio há 50 anos, sinto-me no direito de fazer algumas observações ao jornal.
A Folha conhece bem um livro de um jornalista inglês como o nome “A primeira vítima”, explicando que, na guerra, a primeira vítima é sempre a verdade. A Folha diz muitas verdades, como também diz muitas meias-verdades e várias mentiras...
Li o Editorial de hoje e fui anotando e numerando os pontos onde poderia fazer observações. Não vou reproduzir a íntegra do Editorial porque é longo e eu tentei copiar mas é cansativo. Portanto, vão apenas minhas críticas contextualizadas...
1 – A Folha identifica-se como uma organização “que tem como atividade o jornalismo profissional e crítico.” Já no primeiro parágrafo duas afirmações discutíveis:
2 – “A celebração é espartana, conforme o momento e a praxe interna”. Concordo. O Brasil com mais de 240 mil mortos e no caos que se encontra não pode ter comemorações escandalosas. Eu mostraria que o jornal fez a melhor cobertura sobre a pandemia que afetou o mundo.
3 - O jornal não é o mesmo de 1921. Nem o Brasil, nem o mundo. O traço moderno e inquieto viria a definir seu DNA, e lhe daria o “espírito de imigrante”.
4 – Foi a partir dos anos 70, que a Folha ganhou relevo nacional. Primeiro, quando abriu-se para o debate público e depois com a campanha das Diretas.
5 – Seu compromisso basilar é com o jornalismo apartidário, crítico e pluralista. Outra sabedoria da Folha: Com 30 partidos de direita e 5 partidos de centro-esquerda, a Folha teria dificuldade em escolher qual dos 30 partidos melhor lhe representa. Embora todo mundo veja que a Folha morre de amores pelo PSDB.
6 – “Ao expressar seus pontos de vista, o jornal abraça a defesa de ideias, nunca de candidatos. “
7 – O jornal se sabe falho e não pretende impor certezas – eis o que move seu pluralismo. Suas páginas continuam abertas a manifestações de todos os setores da sociedade e a diferente versões e interpretações dos fatos.
8 – A Folha é o único dos grandes veículos brasileiros a manter um profissional que é encarregado de fiscalizar a si próprio.
9 – O jornal reflete os mecanismos de governança mais exitosa jamais concebida pela humanidade, O ESTADO DEOCRÁTICO DE DIREITO.
10 – A Folha não acredita que seja possível o desenvolvimento material e o espiritual fora dos marcos DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA.
11 – Cumpre desconcentrar o poder e diluir a democracia.
12 – O jornal milita pelo consenso iluminista, a defesa das liberdades individuais.
13 – Pela primeira vez sob a Constituição de 1988, os veículos como a Folha se defrontam com um adversário do regime, adorador de autocratas e torturadores, na presidência da República.
14 – Os desejos de destruição da imprensa independente, que com tanta frequência escapam da boca do mandatário, são manifestações de uma contrariedade mais profunda.
15 – A causa da Folha é maior e mais forte.
O jornal seguirá dando sua contribuição à democracia por um desenvolvimento justo, solidário e democrático.
Palavras, palavras, belas palavras...
Porque a Folha, ao completar 100 anos de existência, em tão longo e belo Editorial, não escreveu nem uma palavra sobre sua participação na direção do golpe de Estado contra o governo do PT, na gestão de Dilma, primeira mulher eleita democraticamente presidente do Brasil?
Sem ficar claro para o povo brasileiro, a Folha foi um dos coordenadores de mais um golpe de Estado contra os poderes constituídos. Ao, mais uma vez, passar por cima da democracia, a Folha não pode reclamar de Bolsonaro.
A Folha fez parte dos que fizeram o possível e o impossível para que a direita voltasse a governar no Brasil, mesmo que, para isso, tivessem que abrir mão da soberania nacional e eleger um louco, fascista e despreparado para governar um país que é um continente com mais de 210 milhões de brasileiros. Terá sido um “ato falho ”.
Nestes meus 50 anos de convivência com a Folha, tenho mais elogios do que críticas. Porém, isto não isenta a Folha da profunda responsabilidade perante à História e a qualidade de vida do Brasil.
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