Publicada fora da Rússia, revista vê como positivo
Vejam o artigo publicado no jornal Valor de hoje.
Vacina russa contra covid-19 produz resposta imunológica sem efeitos adversos graves, mostra estudo
Estudo preliminar dos testes de fase 1 e 2 foi publicado na revista “The Lancet”, uma das mais importantes no mundo
Por Suzi Ring, Bloomberg 04/09/2020 08h53 · Valor
A vacina contra covid-19 desenvolvida pela Rússia induziu uma resposta de anticorpos em todos os participantes nos primeiros testes e não encontrou efeitos adversos graves,
de acordo com estudo preliminar dos testes
de fase 1 e 2, publicado nesta sexta-feira
na revista “The Lancet”,
uma das mais importantes no mundo.
A vacina também produziu uma resposta nas células T - um tipo de glóbulo branco que ajuda o sistema imunológico a destruir a infecção, segundo o estudo. Autoridades russas já haviam feito afirmações semelhantes sobre a vacina, antes da revisão por especialistas externos.
A Rússia tem buscado ganhar credibilidade internacional depois que autoridades de saúde em outros países criticaram duramente a aprovação regulatória para a vacina no mês passado, antes de ela passar pela fase 3, a mais ampla de todas. O presidente russo, Vladimir Putin, comemorou a Sputnik V, batizada em homenagem ao lançamento do primeiro satélite do mundo pela União Soviética em 1957, como a primeira vacina global contra covid-19 a receber liberação de um país.
Os testes, que ocorreram em dois hospitais russos, envolveram 76 adultos saudáveis com idade entre 18 e 60 anos, e usou uma vacina de duas partes com dois adenovírus humanos diferentes - patógenos ligados ao resfriado comum - para transportar o antígeno. Todos os participantes receberam a vacina, sem grupo de controle - uma das várias limitações dos ensaios que foram citados no relatório.
Os pesquisadores coletaram plasma convalescente de 4.817 pessoas que se recuperaram de covid-19, em sua forma leve ou moderada, para comparar a imunidade pós-vacinação com a imunidade natural.
As respostas de anticorpos foram mais altas nos vacinados, de acordo com os dados.
O governo russo anunciou planos para começar a administrar a injeção de forma mais ampla para equipes médicas e professores nas próximas semanas, antes de uma campanha nacional marcada para o final deste ano.
A ação gerou preocupações de que a pressão política poderia colocar em risco a saúde pública.
Os pesquisadores russos testaram duas formas da vacina (congelada e liofilizada). Os participantes da fase 1 receberam uma dose, enquanto os grupos da fase 2 receberam uma segunda dose 21 dias após a primeira.
Vacina russa contra covid-19 produz resposta imunológica
sem efeitos adversos graves, mostra estudo
Todos os 40 participantes do ensaio de fase 2 produziram anticorpos, com níveis mais elevados encontrados naqueles que receberam a vacina congelada.
Respostas de anticorpos neutralizantes foram encontradas em todos os pacientes da fase 2, enquanto apenas 61% dos participantes da fase 1 as produziram com uma única dose. Todos os participantes da fase 2 mostraram respostas de células T dentro de 28 dias após a vacinação, com as doses congeladas novamente se mostrando mais eficazes.
Os pesquisadores disseram que as limitações do estudo incluem seu tamanho, o curto tempo de acompanhamento (42 dias) e o fato de que algumas partes do estudo de fase 1 usaram apenas voluntários do sexo masculino. Apesar da faixa etária para o estudo, o ensaio também se concentrou principalmente em pessoas mais jovens, isto é, na faixa dos 20 e 30.
A Rússia também tem dado a vacina a funcionários
e outras pessoas, fora dos grupos de ensaio,
sem esperar pelos resultados completos do estudo.
Na sexta-feira, o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, 62, disse a Putin em uma videoconferência pela televisão que ele havia recebido a injeção e sentiu apenas um pequeno desconforto na ocasião. Putin disse no mês passado que uma de suas filhas também recebeu a vacina e estava se sentindo bem. O Kremlin não revelou se Putin foi vacinado.
O teste de fase 3 da vacina russa foi aprovado em 26 de agosto para 40.000 voluntários de diferentes idades e grupos de risco.
“A imunogenicidade é um bom presságio, embora nada possa ser inferido sobre ela em grupos de idade avançada, e a eficácia clínica para qualquer vacina contra covid-19 ainda não foi demonstrada ”, disse Naor Bar-Zeev, professor associado da Escola de Saúde Pública, da Universidade Johns Hopkins, em um comentário vinculado ao estudo na “The Lancet”.
“Mostrar segurança será crucial para as vacinas contra covid-19, não apenas para a aceitação da imunização, mas também para a confiança em geral”.
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