Um erro não necessariamente precisa virar tragédia
O que tudo indicava ser um grande negócio, está caminhando para ser um problemão...
Segundo o jornal Valor desta segunda-feira, 29/06/2020:
"O conflito entre o Itaú e a XP, traz à tona divergências entre sócios".
Tudo indica que viveremos um período ruim para os dois, pois já vimos algo parecido com o Pão de Açúcar.
O dono do Pão de Açúcar, Abílio Diniz, fez um negocio que parecia ser o maior sucesso da sua vida, quando pegou muito dinheiro do empresário francês dono Casino, garantindo OPÇÃO DE COMPRA para o francês. Como Abílio imaginou que, quando chegasse a época de efetivação da compra, Abílio tentou desesperadamente achar uma solução que não passasse pela perda do controle do GPA - Grupo Pão de Açúcar. Perdeu o Abílio e perdeu o Brasil. Abílio perdeu o maior negócio da sua vida e de sua família e o Brasil perdeu mais uma grande empresa brasileira para o estrangeiro. Descapitalizando o Brasil.
A XP tinha se transformado no maior sucesso de inovação financeira do Brasil nos últimos dez anos. Roberto Setúbal, controlador do Itaú e herdeiro de maior sucesso empresarial nos últimos 20 anos, gostou do perfil de negócio e propôs parceria entre o Itaú e a XP.
De feliz casamento a "terapia de casal"...
O Itaú comprou 46% do capital da XP, e 32,9% das ações ON. Além de comprar parcela significativa do negócio, o Itaú passou a ter OPÇÃO DE COMPRA de uma fatia maior, o que poderá levar a aquisição do controle do XP.
Com a mesma ousadia que criou com muito sucesso uma plataforma de investimentos que concorresse com os bancos tradicionais do mercado brasileiro, a XP ampliou sua atuação no mercado, além da Plataforma de Investimentos, passou a atuar na compra e venda de ações e no mercado de Renda Fixa.
Assim, além de estar tomando mercado do Personalité, área de alta renda do Itaú, ao entrar no mercado de ações, a XP começou a incomodar o Itaú BBA, maior banco de investimentos do Brasil.
Talvez, preparando-se para forçar um impasse nas relações, a XP contratou José Berenger, o ex-presidente do J.P.Morgan, para montar o seu banco e passar a operar com todos os produtos.
Com a campanha publicitária lançada pelo Itaú na semana passada, a parceria entre as duas grandes instituições, deixou de ser "só alegria" e prepara-se para entrar em "terapia de casal".
O presidente do Itaú, o sensato e moderadíssimo Cândido Bracher, tentou acalmar o "mercado" e declarou que "Nossa competição sempre foi e sempre será na bola". Isto é, jogará com fair play, com ética e respeitando as regras do jogo.
Já o criador e maior acionista da XP, Benchimol, declarou que "talvez o Itaú estivesse considerando que - aquilo não fosse tão bom negócio assim. E outro sócio de Benchimol, Guilherme Leal, declarou que "o Itaú deveria REPENSAR SUA PARTICIPAÇÃO NA XP".
Aquilo que sinalizava ser uma grande oportunidade de negócio para o Itaú, ao ficar parceiro, levou a XP a pular de um bom negócio para uma grande ameaça, não apenas ao Itaú, mas aos bancos como um todo.
Em 2017, quando a parceria foi definida, a XP tinha 100 bilhões de custódia, hoje são 412 bilhões!
Pela NASDAQ, hoje, o VALOR DE MERCADO da XP corresponde a 53% do valor do ITAÚ, 69% do valor do Bradesco, e mais do que o valor do BB e o valor do Santander.
Considerando que vivemos sob um governo irresponsável, com um ministro da Economia/Fazenda que só pensa em destruir estruturas governamentais, com uma profunda crise de pandemia, com a população morrendo aos milhares e a recessão paralisando a economia e a liquidez do mercado, tanto o Itaú como a XP precisam medir bem suas ações, gestos e publicidades daqui para frente.
Tudo indica que, setores do Itaú, ao ser provocado ou ameaçado pelo pessoal, reagiu com uma campanha publicitária hostil, e, sem querer, fez o que a XP queria.
Agora, ambos estão em situação delicada, e a DESCONFIANÇA é maior que a CONFIANÇA.
Para que o casamento não se transforme em tragédia, nada melhor do que uma boa TERAPIA DE CASAL.
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