O sistema tributário brasileiro protege os ricos
Na entrevista dada a Maria Cristina Fernandes, ótima jornalista do Valor, o famoso economista francês, Thomas Piketty, fala do Brasil.
Autor da famoso livro "O Capital no Século XXI", que vendeu mais de 2 milhões de cópias, incluindo 150 mil cópias vendidas no Brasil. Piquetty, atualmente trabalha levantando informações sobre a distribuição de renda no Brasil, contando com ajuda dos economistas Marcelo Medeiros e Pedro Ferreira de Souza. Agora investe em estudos sobre os obstáculos políticos à redução da desigualdade e em ampliar seus contatos com pesquisadores do tema mundo afora.
"No caso do Brasil, há de fato um nível de concentração (de renda) muito excessivo para o país se desenvolver."
No seu livro "Às urnas, Cidadãos", Piquetty diz sobre o Brasil:
"O sistema tributário é pesadamente regressivo e, frequentemente, financia despesas públicas com as mesmas características. As classes populares pagam impostos muito pesados que chegam a 30% sobre a eletricidade, ao passo que sobre a herança é de apenas 4%. As universidades públicas só beneficiam uma elite de privilegiados".
As pesquisas de Marc Morgan demonstram que o Brasil é, de fato, um dos países mais desiguais do mundo. Há impostos indiretos extremamente pesados, comprometendo a renda de maneira muito mais significativa do que o imposto de renda.
A noção de progressividade é inexistente no Brasil.
A política mais importante para se reduzir as desigualdades é a educação.
É preciso que o investimento em educação seja usufruído por todos. Esse investimento não pode resultar em mais concentração de renda.
Sem democratizar a renda, a democracia vira uma falácia.
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