Vitória no conteúdo e derrota na forma
Já diziam os espíritas: "Quem não aprende no amor, aprende na dor."
Getúlio Vargas criou o imposto sindical, tanto para os patrões como para os empregados. Assim, preparou o Brasil para a industrialização nacional e também contribuiu fortemente para para consolidar um modelo de sindicalismo "chapa branca", isto é, que dependia mais do imposto do que da contribuição voluntária dos sócios dos sindicatos.
O imposto sindical também teve outro desvio, fortaleceu a ideia de que "as conquistas salariais, de condições de trabalho e de qualidade de vida" realizadas nas campanhas salariais eram "coisas dos patrões" já que a maioria dos trabalhadores recebiam sem ter participado diretamente das lutas para conquistá-las.
Vou listar alguns direitos que foram conquistados com muitas greves e negociações:
1 - jornada de trabalho
2 - previdência social - Fundos de Pensão
3 - pisos salariais
4 - ajuda alimentação
5 - ajuda refeição
6 - licença maternidade
7 - licença paternidade
8 - férias
9 - faltas abonadas
10 - datas base para negociar a atualização dos direitos, etc.
Poderia ficar aqui o dia todo escrevendo "CONQUISTAS COM LUTAS", para mostrar a importância dos sindicatos. Com o tempo, as empresas vão mostrando aos seus funcionários que "os direitos listados acima são benefícios dados pela empresa".
E agora, com a derrubada do governo Dilma e a compra dos parlamentares, acabaram com a maioria dos direitos conquistados em UM SÉCULO DE LUTAS. Como os sindicatos, na democracia, se fortaleceram,os empresários juntaram-se e deram o golpe do impeachment.Afinal, Dilma sancionou os direitos das empregadas domésticas! Que afronta!
O Brasil voltou a antes de 1930. Antes de Getúlio Vargas.
Com o fim do imposto sindical, mas a manutenção do Sistema S, se Sesi, Sesc, Sebrae e tantas outras siglas para proteger os patrões e prejudicar a organização da classe trabalhadora, o movimento sindical, além de enfrentar um governo corrupto e entreguista, também enfrenta um TST - Tribunal Superior do Trabalho que legisla contra os direitos coletivos dos trabalhadores e contra o movimento sindical.
Além de acabarem com o imposto sindical, sem negociar com os sindicalistas, o governo e o TST acabaram com a "contribuição assistencial", que custeava as campanhas salariais, alegando que o dinheiro do imposto sindical era para isto. Mas, se acabaram com o imposto sindical e com a contribuição assistencial, como custear as campanhas salariais? Ou eles não querem que tenha campanha salarial? Nem a ditadura militar fez isto!
Enfim, muita água vai rolar até definir como vai ficar. Hoje a Folha trás manchete comemorando o fim do imposto sindical, além de página inteira contando as dificuldades dos sindicatos dos trabalhadores.
Os golpistas comemoram.
Mas o Brasil vai sair perdendo, por que, como diz o prêmio Nobel de economia, Angus Deaton:
"Com a perda de influência do movimento sindical, os patrões ficam mais fortes e os trabalhadores mais fracos para combater as tendências rentistas da economia atual".
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