Porque a direita está crescendo?
Continuo lendo o bom livro de Ian Kershaw, "De volta do inferno", editado no Brasil pela Companhia das Letras, que aborda a história da Europa de 1914 a 1949, isto é, pega a preparação da I guerra mundial e vai até o final da segunda. Além de analisar as duas guerras, outro fator importante do livro é que ele estuda mais o que se passa com os povos e com os países, mais do que estudar as batalhas ou a quantidade de mortos e feridos. É a preocupação de se entender mais o porque acontece do que como foi a guerra.
Ando lendo muito sobre as guerras porque acho que o Brasil e o mundo estão vivendo uma situação de pré-guerra ou de substituição das democracias plenas por democracias de fachadas. Democracia plebiscitária de big stick, onde ou se obedece ou se é reprimido, não é democracia. Vivemos a Era da Diversidade. Isto deve valer para etnias, sexo, religião, opção política e econômica.
A América Latina retrocede.
Imagine se o governo brasileiro atual tem autoridade para questionar os governos da Venezuela, do Paraguai ou de Cuba? Um governo golpista, entreguista, sem legitimidade e sem honestidade tem credibilidade para questionar alguém? Não.
As democracias, tanto nas Américas, como na Europa, estão sob ataques de credibilidade, de legitimidade e de capacidade de responder às demandas econômicas e sociais.
Na verdade, o sistema de representação social elaborado a partir da Revolução Francesa está exaurido. Os três poderes tradicionais já não respondem ao momento que vivemos.
O Judiciário, que não é eleito pelo povo, não pode mandar mais do que o Legislativo ou o Executivo. Há um erro grave em se aceitar que o ministério público ou os juízes de qualquer instância podem mandar parar uma fábrica ou qualquer outra empresa. Além de usurparem os poderem, destroem a economia e a soberania nacional. Como botar limite no Judiciário? Como impedir a corrupção do Legislativo? Como fazer com que os Executivos sejam transparentes e competentes? Estas perguntas valem para o Brasil e valem também para o mundo atual.
A Europa e o mundo, melhoraram muito depois das duas guerras. Viveram um período de ouro. Mas, sem as duas guerras, teria existido tanto progresso, tanta democracia e tanta liberdade?
Na medida que acabou a União Soviética, a esquerda, que historicamente defende os trabalhadores, entrou em crise, facilitando a ganância da direita e estimulando que os conservadores partissem para acabar com o Estado do Bem Estar Social e voltasse a regimes econômicos de alta exploração. Os partidos socialistas e sociais democratas se submeteram as políticas neoliberais na Europa e nas Américas. Evidenciando a falta de legitimidade eleitoral e a fata de projeto econômico capaz de preservar a economia de mercado, combinada com a fiscalização e o controle de toda a sociedade.
Precisamos superar a Democracia representativa e implantar a Democracia Participativa. Tanto no Brasil como no mundo. Aí incluindo Estados Unidos, China, Rússia e Oriente Médio. A África precisa de um Plano Marshall executado e acompanhado por todos os países.
Ou agilizamos a construção de novo modelo econômico e social, combinado com a democracia representativa, ou caminharemos para a generalização de ditaduras em todo o mundo. Mesmo que seja por vinte ou trinta anos. Mas o preço será caríssimo. Como foi caro o preço que os europeus pagaram para chegar à idade de ouro de 1950 a 1990.
Teremos que passar pelas guerras?
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