Jânio de Freitas explica o golpe
Vejam mais este importante artigo
de Jânio de Freitas. Para quem não sabe ou não lembra, a “Operação Bandeirante”
foi uma forma de prender, torturar e matar as pessoas que eram contra a
ditadura militar a partir de 1968, com a edição do AI-5.
O golpe atual está em curso, ainda
não sabemos como será seu desfecho e suas consequências. Só sabemos que a
direita perdeu o pudor e saiu do armário. A violência está liberada e a mentira
já faz parte da rotina da imprensa e do judiciário.
O tempo mostrará os fatos, as
versões e suas consequências.
Leiam o bom artigo de Jânio de
Freitas, na Folha de hoje.
O plano obscuro
DATA10/03/2016 - quinta-feira
Em condições normais, ou em país
que já se livrou do autoritarismo, haveria uma investigação para esclarecer o
que o juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato intentavam de fato,
quando mandaram recolher o ex-presidente Lula e o levaram para o Aeroporto de
Congonhas. E apurar o que de fato se passou aí, entre a Aeronáutica, que zela
por aquela área de segurança, e o contingente de policiais superarmados que
pretenderam assenhorear-se de parte das instalações.
Mas quem poderia fazer uma
investigação isenta? A Polícia Federal investigando a Polícia Federal, a
Procuradoria Geral da República investigando procuradores da Lava Jato por ela
designados?
É certo que não esteve distante
uma reação da Aeronáutica, se os legionários da Lava Jato não contivessem seu
ímpeto. Que ordens de Moro levavam? Um cameramen teve a boa ideia, depois do
que viu e de algo que ouviu, de fotografar um jato estacionado, porta aberta,
com um carro da PF ao lado, ambos bem próximos da sala de embarque VIP
transformada em seção de interrogatório.
É compreensível, portanto, a
proliferação das versões de que o Plano Moro era levar Lula preso para
Curitiba. O que foi evitado, ou pela Aeronáutica, à falta de um mandado de
prisão e contrária ao uso de dependências suas para tal operação; ou foi
sustado por uma ordem curitibana de recuo, à vista dos tumultos de protesto
logo iniciados em Congonhas mesmo, em São Bernardo, em São Paulo, no Rio, em
Salvador. As versões variam, mas a convicção e os indícios do propósito
frustrado não se alteram.
O grau de confiabilidade das
informações prestadas a respeito da Operação Bandeirantes, perdão, operação 24
da Lava Jato, pôde ser constatado já no decorrer das ações. Nesse mesmo tempo,
uma entrevista coletiva reunia, alegadamente para explicar os fatos, o
procurador Carlos Eduardo dos Santos Lima e o delegado Igor de Paula, além de
outros. (Operação Bandeirantes, ora veja, de onde me veio esta lembrança
extemporânea da ditadura?)
Uma pergunta era inevitável.
Quando os policiais chegaram à casa de Lula às 6h, repórteres já os esperavam.
Quando chegaram com Lula ao aeroporto, repórteres os antecederam. "Houve
vazamento?" O procurador, sempre prestativo para dizer qualquer coisa, fez
uma confirmação enfática: "Vamos investigar esse vazamento agora!".
Acreditamos, sim. E até colaboramos: só a cúpula da Lava Jato sabia dos dois
destinos, logo, como sabe também o procurador, foi dali que saiu a informação
–pela qual os jornalistas agradecem. Saiu dali como todas as outras, para
exibição posterior do show de humilhações. E por isso, como os outros, mais
esse vazamento não será apurado, porque é feito com origem conhecida e
finalidade desejada pela Lava Jato.
A informação de que Lula dava um
depoimento, naquela mesma hora, foi intercalada por uma contribuição, veloz e
não pedida, do delegado Igor Romário de Paula: "Espontâneo!". Não era
verdade e o delegado sabia. Mas não resistiu.
Figura inabalável, este expoente
policial da Lava Jato. Difundiu insultos a Lula e a Dilma pelas redes de
internet, durante a campanha eleitoral. Nada aconteceu. Dedicou-se a exaltar
Aécio, também pela rede. Nada lhe aconteceu. Foi um dos envolvidos quando
Alberto Youssef, já prisioneiro da Lava Jato, descobriu um gravador clandestino
em sua cela na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Nada aconteceu,
embora todos os policiais ali lotados devessem ser afastados de lá. E os
envolvidos, afastados da própria PF.
Se descobrir por que a
inoportuna lembrança do nome Operação Bandeirantes, e for útil, digo mais
tarde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário