Europa, mais uma vez, espera pelos Estados Unidos
Bush invadiu o Iraque provocando a desorganização do Oriente
Médio, Obama autorizou a guerra civil na Síria, achando que a Turquia seria
suficiente para servir de retaguarda contra o governo Sírio. Estas duas guerras
transformaram-se em Herança Maldita para quem ganhar as próximas eleições
americanas.
Ao mesmo tempo, a crise econômica começada em 2008 volta
para dentro dos Estados Unidos, somando com as guerras e estimulando candidatos
alternativos da direita e da esquerda (se é que existe esquerda nos Estados
Unidos).
Tudo isto também sobra para a Europa... Que contou com o
poder bélico e econômico americano mas não percebeu que politicamente Obama não
gosta de lidar com guerras, preferindo a Paz. Mas, qual paz?
Agora os governos europeus condenam falta de estratégia e
omissão de Washington na guerra civil síria. “Há muitas palavras, mas ações são
outra história”, reclamou o Ministro das Relações Exteriores da França, Laurent
Fabius. A insatisfação com a Casa Branca, além da França, é cada vez mais comum
em Londres, Berlim, Istambul e nas capitais do mundo árabe.
Para um número crescente de diplomatas e de analistas em
geopolítica, a suposta omissão do governo Obama é uma das grandes responsáveis
por esse cenário ruim. Um dos principais alvos de críticas é o secretário de
Estado, John Kerry, cuja posição pró-acordo de paz resultou em sucessivos
fracassos, enquanto a Rússia organizava sua estratégia de apoio ao governo
sírio.
A Turquia que apostou todas as fichas na queda de Assad, é
cada vez mais mera observadora do conflito, arca com 2,5 milhões de refugiados
em seu território e ainda viu grupos curdos ganharem poder no norte sírio, no
Iraque e em seu território. As condições para o surgimento do País Curdo estão dadas. A Jordânia e a Arábia Saudita estão vendo seus adversários
crescerem em sua volta e o Irã avançar em quatro capitais da região: Bagdá,
Damasco, Sanaa e Beirute.
Os dados acima foram copiados do bom artigo do excelente
jornalista Andrei Netto, correspondente do Estadão em Paris.
Enquanto o Oriente Médio continua em chamas, afetando a
Europa, as eleições presidenciais dos Estados Unidos avançam com as prévias
mostrando que a disputa não está definida. Apesar das análises conservadoras da
Folha, Eleonora de Lucena continua se diferenciando do jornal e apresenta mais
um ótimo artigo na edição deste domingo sobre o avanço do candidato socialista,
Bernie Sanders, que disputa pelos democratas e tenta ganhar de Hillary Clinton.
O título do artigo é: “Pré-candidato “abraçou” Occupy Wall Street, afirma autor”.
Da mesma forma que Obama foi um marco histórico nas eleições
americanas por ser o primeiro negro eleito na história do país, podemos ver o
eleitorado ser mais exigente ainda e eleger um presidente progressista,
autodeclarado “socialista democrático” e que pode basear-se em Roosevelt com
sua política de combate a pobreza e estímulo a inclusão social. Além de incluir
no governo toda uma geração que reivindicava “Paz e Amor”, igualdades civis
lideradas por Martin Luther King e os jovens e intelectuais do Occupy Wall
Street.
Enquanto todo mundo olha assustado para o Oriente Médio,
algo de novo nasce dentro das entranhas do grande império do século XX. Pelo voto, o povo americano pode, mais uma vez, surpreender a humanidade. In God, we trust!
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