Cada um a sua maneira
A economia chinesa teve um período excepcional de
crescimento, com estabilidade monetária e financeira. Agora, o grande desafio
para eles é fazer a economia se desacelerar de maneira relativamente ordenada,
num modelo de desenvolvimento que não vai ser tão baseado no investimento. Vai
ser mais baseado no mercado interno, consumo, menos exportação, mais serviço e
menos em indústria.
O Banco Central chinês é chamado a fazer uma política
anticíclica, BAIXANDO OS JUROS e os DEPÓSITOS COMPULSÓRIOS. Mas, ao mesmo
tempo, a China vem sofrendo, além da desaceleração, uma fuga de capitais, que
pressiona o balanço de pagamento e a taxa de câmbio.
O quadro internacional é delicado, frágil, por causa da
China. Mas não é só a China. Com a queda do petróleo e o recuo quase
generalizado das commodities, especialmente metálicas, há uma série de tensões
rompendo em setores da economia ligados a petróleo e gás. Temos de lembrar que
metade da economia mundial é composta pelos países emergentes e em
desenvolvimento.
A recuperação americana não está tão forte assim. A Europa
continua numa recuperação frágil. De uma semana para cá, a percepção de curto
prazo sobre a economia mundial piorou. O Banco Central brasileiro está tentando
comunicar isso para dentro do Brasil para que os agentes econômicos levem em
conta essa variável quando forma as expectativas.
O Brasil teve um ajuste muito forte em 2015.
Quando se tem a
combinação da retração da demanda agregada interna com a depreciação muito
forte do câmbio, a economia responde. Há substituição de importação por bens e
produtos locais, e estímulo às exportações. Os ativos brasileiros ficaram
baratos e isso estimula a entrada de capitais. Nossa posição de balanço de
pagamento melhorou muito e as reservas estão intactas. Nossos problemas são
internos, fiscais. A inflação está alta. O mais provável é que 2016 seja
semelhante a 2015, com dificuldades em vários lugares e poucas fontes de
crescimento na economia mundial.
O mar não está para peixe, mas não teremos um tsunami...
Estas sábias palavras acima fazem parte de uma boa
entrevista dada pelo economista e vice presidente do Banco do BRICS, Paulo
Nogueira Batista, publicada no caderno de economia do Estadão de sábado de
Carnaval, 6 de fevereiro de 2016.
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