Pena que seja apenas uma noite
Todo mundo que viu ficou encantado. Eu, como não vi, mas
li a deliciosa matéria de Julio Maria, repórter do Estadão, que teve o prazer de
estar presente, fiquei animadíssimo e resolvi reproduzir a matéria, mesmo
deixando outros assuntos importantes para depois. O mais interessante foi
chegar no trabalho e descobrir que nossa colega foi com a família, mas não
antecipou que ia. Ficaram encantados.
A gente adora Chico Buarque, gosta muito de Bethânia e da
Mangueira, mas, tudo isto com uma pitada de bom texto de Julio Maria, faz tudo
parecer que vivemos numa cidade maravilhosa, sem violência e sem preconceito.
Vejam que artigo
estimulante!
O memorável encontro entre
Bethânia e Chico Buarque
JULIO MARIA - O
ESTADO DE S.PAULO - 28 Janeiro 2016 | 10h 41
Festa da Mangueira reúne, em São Paulo,
músicos que não se apresentavam juntos desde 2001
A festa da Mangueira em São Paulo começou com
uma promessa: “Tenham certeza de que vocês vão ver um dos maiores shows que já
passou por esta casa”, anunciou o apresentador. Chico Buarque era o maior
esperado, ao lado da homenageada da escola na avenida em 2016, Maria
Bethânia.
Seguindo
a mesma forma mostrada na noite anterior, no Rio, a apresentação no Tom Brasil
teve uma série de convidados. Se antes a noite batizada pela agremiação carioca
como Show de Verão da Mangueira era fechada, com ingressos vendidos apenas para
convidados, a estratégia deste ano em São Paulo foi abrir para venda. Deu
certo. Em uma tarde, eles já estavam esgotados.
Os
convidados chegavam, cantavam e apresentavam o próximo convidado. O formato
clássico deu ritmo à noite. Mariene de Castro veio primeiro, cantou Mel com
Toque de Iansã e A Dona do Raio e do Vento. Mas fez sua melhor entrega com
Oração da Mãe Menininha e passou o palco para Tantinho da Mangueira, que deixou
clara sua homenagem cantando a canção Maria Bethânia, seguida por Mora na
Filosofia. Mais aplaudida foi a próxima, Mart'nália, que chegou lembrando Rita
Lee com Baila Comigo.
Com
licença da Mangueira, a filha de Martinho da Vila (Isabel) lembrou Noel Rosa,
mais ilustre representante da comunidade, e cantou Último Desejo. Depois,
apanhou o pandeiro para fazer Sonho Meu, de Dona Ivone Lara. Pretinho
da Serrinha subiu a temperatura com Alguém me Avisou e Maricotinha. Deixou o
palco então nas mãos de Sombrinha, ex-Fundo de Quintal, que tentou levantar a
plateia com Gota D’Água e Apesar de Você.
Angela
Ro Ro veio mudando o clima, falando de Maria Bethânia e cantando Gota de Sangue
e Fogueira, lembrando de como Bethânia fez bem à sua carreira quando gravou
está sua canção, lançada em 1984. Angela
saiu do palco apresentando a cantora Rosemary. Aí já não era mais um show de
escola de samba, e talvez não fosse essa a intenção da produção. Sua parte
incluiu as românticas Eu Preciso de Você, As Canções que Você Fez Pra Mim e
Fera Ferida, lembrando gravações bem radiofônicas de Bethânia.
A
portuguesa Carminho, apresentada com entusiasmo por Rosemary, cantou primeiro
Andaluzia e quase emendou com Teresinha. Esta foi uma parte comovente. Ao
final, a plateia se levantou para aplaudi la e fez isso por um bom tempo. Sua
saída foi com Sangrando, ao lado de Alcione, a próxima convidada.
Alcione
é um susto, um espanto. Pobre das cantoras que dividiram palcos com ela. Em
Sangrando, apareceu no meio da música para arrebentar e engolir o canto da
portuguesa. Fez depois, sozinha, Lama e Explode Coração. E, enfim, chamou Chico
Buarque.
Havia
numa certa expectativa pela forma como Chico seria recebido. Seria hostilizado
por suas posturas políticas, como tem acontecido nas redes sociais? Não. O
público de Chico não o condena por nada, apenas o reverencia. Até homens foram
vistos gritando “lindo” quando Alcione o anunciou como o “guri da
Mangueira”.
De
branco, cantou Anos Dourados reclamando do retorno no início. Windows de
microfone baixo, ou de voz pouco segura, seguiu com Olhos nos Olhos, que não
faria sentido se não fosse cantada, ali, com Maria Bethânia. E foi assim. Uma
mudança de tom e Bethânia assumiu a segunda parte da canção. Um encontro
memorável.
Chico
e Bethânia cantaram ainda Noite dos Mascarados. E então, Bethânia ficou só para
agradecer a escola que vai cantá-la na avenida neste ano, com o enredo A Menina
dos Olhos de Oyá, e encerrar com Carcará, Vento de Lá, Reconvexo e O Que é Que
é. O samba de enredo da escola Mangueira fechou a noite com a bateria da escola
de samba.
Uma
das mais tradicionais escolas de samba do Rio, fundada em 1928, a Mangueira
realiza esse show há 14 edições, para levantar recursos para seu desfile
(estima-se que, com os shows, tenham entrado R$ 250 mil nos cofres
verde-e-rosa). Este ano, deixou de lado exaltações à própria história e se
voltou à de Bethânia.
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