Brasil: Os fins justificam os meios?
O Brasil tem longa tradição de "vale tudo", "lei de Gerson", "jeitinho brasileiro", etc. O Brasil não tem tradição de democracia, regras válidas para todos e ética coletiva ou individual. O Brasil tem tradição de ser o país tardio, retardatário, porém beneficiário deste atraso.
Dizem os analistas que, graças a esta lerdeza nacional, mantivemos o país grande, unificado e com crescimento constante. Mesmo que, para isto, os pobres continuem pobres, o Nordeste e o Norte continuem atrasados e os negros continuem subjugados e como reserva de mão de obra mais barata...
Apesar da pressão dos ricos sobre os pobres, o Brasil lentamente vai melhorando. O padrão de vida dos pobres melhorou muitos nos últimos anos, os pobres passaram a ter mais acesso à universidade, a automóveis e a aeroportos, incluindo viagens ao exterior...
Mas a educação, embora tenha sido massificada, continua fraca na qualidade. É mais do que a hora de se investir muito na qualidade da educação e na qualidade das instituições.
O Brasil nunca teve tanta liberdade como tem agora, mesmo esta liberdade sendo usada de forma abusiva. Mas é uma grande liberdade e um importante aprendizado.
Temos 35 partidos políticos e péssima representação parlamentar. O Brasil está afundando no mar de lama ético, moral e comportamental. Os fins estão justificando os meios.
Temos um governo fraco, uma presidente difícil, uma imprensa golpista, um judiciário que ocupa cada vez mais espaço sobre os demais e a economia refluindo e levando o povo à angústia e ao desespero.
Todos concordamos que como está não pode continuar.
Porém, os golpistas que pregam a necessidade de uma Unidade Nacional neoliberal, conservadora, não podem chamar esta unidade como justificativa para dar o golpe. O impeachment nas condições que está sendo executado é golpe sim. Não adianta tergiversar. É golpe! Golpe civil, sem as mãos sujam de sangue dos militares. Por enquanto, apenas as polícias militares estão abusando da violência.
Da mesma forma, o governo Dilma e sua base de sustentação, mesmo tendo sido eleita com a maioria dos votos, precisa também viabilizar a governabilidade quotidiana, diária. A economia e o povo não podem viver de solavancos e de angústias...
Temos um governo de centro-esquerda e um congresso nacional de extrema-direita. Como equilibrar os poderes e a governabilidade? Este é o "x" do problema.
O judiciário pode ajudar, como pode atrapalhar. Ajudará mais se tiver uma expectativa de governabilidade por parte do governo, caso contrário, tenderá a apoiar os golpistas. Legalizando-os. O Congresso Nacional daria o golpe e o Judiciário reconheceria a "soberania do Legislativo". Tudo isto em nome da governabilidade. E os empresários e investidores comemorariam. Como fizeram em 1964.
Até o próximo dia 16, muita água correrá sob as pontes turbulentas em todo o Brasil...
O jornalista Ilmar Franco, em sua coluna no Globo de hoje, 11/12/2015, reproduz declaração do ministro do STF, Edson Fachin, sobre o que pode acontecer:
"Um presidente que não tiver 171 votos, caiu! Não tem governabilidade.""
Eu concordo como o ministro Edson Fachin.
Cabe, portanto, ao governo garantir seus 171 votos na Câmara Federal. Cabe a Câmara Federal e ao Judiciário punir o deputado Eduardo Cunha, que vem desmoralizando o Congresso Nacional e nossa frágil Democracia.
Para os verdadeiros democratas, os fins nunca podem justificar os meios.
Onde estão os democratas brasileiros?
Nego velho, o problema é que não houve mudança no Sistema de Governo no Brasil. Não existe parlamentarismo. O presidente da Câmara Federal não possui poderes para mudar regras do jogo e agir dentro de interesses próprios. Mas nosso Judiciário está corrompido, também, ao se omitir perante os desmandos de um criminoso.
ResponderExcluirA Democracia está por um fio, diante dessa barbárie no Legislativo e Judiciário. O Pacto da República não tem mais sentido de existir.