Para
onde vai o Lava Jato?
Mais um ótimo artigo de Jânio de Freitas na Folha de hoje.
- Na política, estamos vivendo a desmoralização do
presidente da Câmara e, por tabela, do Congresso Nacional.
- No Judiciário, estamos vivendo a maior manipulação da
história jurídica nacional: Prenderam Marcelo Odebrecht para obriga-lo a fazer
Delação Premiada, desde que seja contra o PT e alguns do PMDB. Além de
impedi-lo a denunciar todos os partidos e beneficiários de outros partidos que
também receberam dinheiro da Odebrecht. Até agora, Marcelo Odebrecht não cedeu.
- Na imprensa, estamos vivendo a maior desmoralização da
imprensa brasileira. Os donos dos meios de comunicação transformaram seus
jornais, rádios e TVs em instrumentos da mentira e da manipulação à serviço do
ódio de classe.
Restam os empresários e os trabalhadores.
Que os ricos tentem desacreditar e humilhar os
representantes dos trabalhadores, é compreensivo; mas os empresários deixarem
prender e humilhar Marcelo Odebrecht como estão fazendo é a desmoralização da
classe empresarial brasileira. Por que
os empresários estão acovardados?
Na imprensa, poucas vozes ainda dignificam a Liberdade e
a Diversidade. Jânio de Freitas é um dos maiores expoentes destas virtudes.
Leiam o seu artigo de hoje:
Novos
jatos
22/10/2015 02h00 – Folha de
S.Paulo – Jânio de Freitas
A Lava Jato entra em nova
etapa. Menos escandalosa, mas isso os jornalistas resolvem. Até porque o
interesse merecido pelos novos capítulos não será pouco. O começo de um deles
está programado para hoje. O outro já deu o primeiro passo, muito promissor.
O julgamento de diretores
da Odebrecht tem logo mais a inquirição, perante o juiz Sergio Moro, dos
delatores premiados Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco. Entre os diretores
réus nesse processo figura Marcelo Odebrecht. Além de outros possíveis
interesses –da curiosidade a questões jurídicas, passando pelos fatos todos do
inquérito– Marcelo Odebrecht está preso há quatro meses sem ceder às
contingências que o pressionam para satisfazer a Lava Jato, aceitando a delação
premiada.
Marcelo é em si mesmo uma curiosidade a ser desfeita, e deve sê-lo inclusive para a Lava Jato. O que o fez adotar conduta inflexível e tão diferente do que fizeram os demais donos e dirigentes das empreiteiras? O que tem a dizer que justifique sua atitude? A Lava Jato entra na fase em que devem aparecer as respostas, na inquirição de Marcelo ao final dos interrogatórios preliminares, de delatores premiados e eventuais testemunhas, por Sergio Moro.
Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco têm, no mínimo, que dizer nesse julgamento o mesmo dito na delação premiada sobre os diretores da Odebrecht. Mas o que Paulo Roberto disse, não só a respeito da Odebrecht, inaugurou a outra vertente nova da Lava Jato, ao receber sob forte contestação do recém-delator premiado Fernando Soares, o Baiano.
É a fase em que a
prioridade dada a delações premiadas, em detrimento de investigações efetivas,
vai mostrar desencontros como um problema para os juízes. Talvez não para
Sergio Moro, mas para aqueles que nas instâncias superiores vão julgar recursos
e para os ministros do Supremo, que conduzem os casos de políticos apontados
por delatores.
Será a hora de provas. E, quem sabe, a hora da verdade. Advogados dizem haver, à espera de elucidação, numerosas incoerências de delatores e contradições entre vários deles, ou deles com empreiteiros. Para os delatores premiados também será um problema, e problema maior a falta de provas, porque a queda de afirmações suas pode fazer tribunais superiores anularem o prêmio de liberdade. Para vários deles, já se pode ver, liberdade endinheirada.
Eduardo Cunha, impeachment, "pedaladas" tiraram a Lava Jato da frente do palco. É só esperarem um pouco para ver a reação.
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