Qual a diferença entre uns e outros?
Vaccari e Marcelo estão presos por serem citados por delatores
que negociaram com os torturadores o quê deveriam falar como condição para
serem libertados; enquanto Eduardo Cunha está comprovadamente citado por um
Banco Suíço que tinha várias contas bancárias com milhões de dólares. Eduardo e
seus aliados continuam soltos. Este é um país justo?
Como podemos ver tanta injustiça e tanta manipulação da
imprensa, e o governo assistir a tudo passivamente e de forma impotente? Na
verdade, o erro já começou ainda no governo Lula, quando se pensava que a
direita brasileira iria aceitar as regras democráticas e perder uma eleição
atrás da outra.
Nesta semana vimos as declarações de Marcelo Odebrecht e
da empresa Odebrecht e, pela primeira vez, estamos vendo uma entrevista com a
esposa e a filha de João Vaccari. Justamente no dia de seu aniversário, 30 de
outubro.
Por que a Justiça brasileira se acovardou?
Por que os empresários brasileiros se acovardaram?
Por que a OAB nacional se acovardou?
Por que os partidos políticos se acovardaram?
Estas perguntas, tanto Marcelo Odebrecht como João Vaccari
devem estar fazendo diariamente. Já divulguei na Facebook tanto as declarações
de Marcelo como de Vaccari. Agora estou retransmitindo no meu blog o excelente trabalho do pessoal do
blog “A verdade sobre Vaccari”.
Esposa e filha de Vaccari falam pela
primeira vez
Publicado
em 30 de outubro de 2015 –
Blog “A verdade sobre Vaccari”
Elas contam como é ter o marido e pai preso e exposto à execração
pública só porque é do PT
“Apesar da pressão para que todos se
tornem delatores,
tenho certeza de que meu pai jamais fará isso.
A ideologia é
tudo para ele.
E ele jamais falaria de pessoas inocentes só para sair da
prisão”,
diz Nayara, filha de Vaccari.
“Não sei se
consigo falar. É difícil. Quem está nos dando força na verdade é o próprio
João. Ele é muito forte e é o que nos dá alicerce”.
Foi assim que
Giselda de Lima, a Gigi, há mais de 30 anos casada com João Vaccari Neto, deu a
primeira entrevista sobre o drama que a família vem enfrentando nos últimos
meses. Ao seu lado, com os olhos marejados, estava Nayara de Lima, a filha do
casal.
“Quem está nos
dando força na verdade é o próprio João” é uma frase surpreendente para quem
não conhece Vaccari, mas não para aqueles que conviveram com ele, como seus
amigos e companheiros. Ela resume a personalidade de um homem com sólidos laços
familiares, ético, determinado, comprometido com seus ideais políticos e, por
isso mesmo, perseguido, humilhado e execrado.
Um silêncio
ensurdecer tomou conta da sala. Não era um silêncio comum apenas a uma casa
onde um bebê dorme tranquilamente. Era o silêncio que vinha lá do fundo dos
corações dessas mulheres que mostram que têm a força típica dos Vaccari para
enfrentar as torturas psicológicas. E, naquele momento, apesar do choro
incontido, ao decidirem conceder entrevista a nosso Blog, mostravam também que
estavam muito mais fortes do que pensavam para seguir lutando por justiça.
Ainda surpresas
e certas de que não conseguiriam falar mais que duas frases, Gigi e Nayara
abriram o coração e, com a voz embargada ou crises de choro, relembraram o
pesadelo que enfrentam desde que a Operação Lava Jato passou a perseguir a
família.
15 de abril.
Logo cedo os noticiários exploravam de forma sensacionalista a prisão
preventiva do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Foi um dia terrível,
porém não tão humilhante como a manhã de 5 de fevereiro, quando a Polícia
Federal invadiu a casa da família depois de arrombar o portão para conduzir
coercitivamente Vaccari a depor. “Foi horrível e assustador. Naquele dia, ele
não saiu para a caminhada como costumava fazer. Estávamos dormindo e foi um
grande susto, pois foi muito truculento”, lembra Gigi.
Nayara, a filha
única do casal, estava grávida de oito meses quando seu pai foi preso de forma
humilhante e injusta sob os holofotes da mídia. João Mateus, o genro de Vaccari, foi
quem preparou o espírito da então futura mamãe. “Ele dizia para mim, com todo o
cuidado: você sabe o que de ruim pode acontecer ao seu pai, né? Mas vai ficar
tudo bem.”
Os dez primeiros
dias após a prisão – praticamente anunciada, prevista e defendida pela mídia
nos dias que a antecederam – foram os mais difíceis. De repente, esposa, filha
e a cunhada Marice Correa viram seus nomes e imagens sendo explorados de
maneira covarde em uma campanha difamatória e brutal.
A base de tudo
foram os vazamentos de dados confusos e contraditórios, devidamente explorados
pela imprensa que não teve o mínimo pudor ao distorcer cada informação. “Foi
bem difícil. Minha mãe ficou muito abalada, principalmente no período em que
ficavam comparando a imagem dela com a da minha tia”, conta Nayara.
A tentativa de
destruir a honra da família Vaccari, a forma avassaladora a que a intimidade
deles foi exposta por jornais e revistas, continua provocando calafrios na
Gigi, que, compreensivelmente, ainda se assusta com a presença de jornalistas.
Passados alguns
meses, Gigi e Nayara se esforçam para encontrar formas de conviver com essa
nova realidade.
A ideologia mantém meu pai sereno
“Acredito no que
fiz, por isso vou até o final”. É com essas palavras que Nayara descreve uma
das conversas que teve com o pai. “O que me dá força é essa convicção dele de
que fez tudo certo. É isso que faz com que eu o admire ainda mais e aceite melhor
tudo o que estamos passando.”
Falar da
ideologia do pai é, visivelmente, motivo de orgulho para essa jovem médica
ginecologista. No olhar e nos gestos é possível perceber a emoção que toma
conta de Nayara quando fala sobre suas conversas com Vaccari.
“Meu pai é muito
ideológico. Ele diz que a vida dele não fará mais sentido se sua soltura
implicar perder tudo aquilo em que acredita. A ideologia é tudo para o meu pai
e é isso que vai fazê-lo aguentar até o final.”
E nem foi
preciso perguntar o que seria esse final. Apesar de não militar
partidariamente, Nayara tem plena consciência da perseguição política da qual
seu pai é vítima e da pressão que ele sofre diariamente. Ela logo emendou:
“Existe uma clara pressão para que todos se tornem delatores. Mas tenho certeza
de que meu pai jamais faria isso. Primeiro, porque ele me disse que não tem o
que falar. Segundo porque querem nomes e ele jamais falaria de pessoas
inocentes só para sair da prisão.”
Nesse momento,
Gigi, também muito emocionada, concordou com todas as palavras da filha. “João
é um homem muito honesto e justo”, completou.
Como não pode conviver com o neto, Vaccari lê livros infantis
“Essa é a
forma que ele encontrou para saber lidar com o neto quando voltar para casa”
Quando Gigi e
Nayara visitaram Vaccari pela primeira vez no Complexo Médico-Penal, em
Curitiba, seu neto já havia nascido. Foi o nascimento de João que o fez começar
a ler livros de contos infantis. Isso mesmo, Vaccari, aquele homem apresentado
pela mídia como seco e frio, passou a frequentar a biblioteca da prisão para
ler livros para crianças – o primeiro, com cerca de 50 páginas, foi “O menino
que mudou de bairro”.
A história,
explica Nayara, é sobre um menino que sofre preconceito ao mudar de casa e tem
dificuldade para se relacionar com as crianças do novo bairro. “Meu pai disse
que o conto trazia um debate importante sobre preconceito e por isso escolheu o
livro. Só podia ser meu pai mesmo, é a cara dele isso”, disse, entre risos.
O segundo livro
infantil foi “O menino do dedo verde”. Até a pedagoga responsável pela prisão
estranhou a escolha de um segundo livro infantil. “Ela deve ter ficado confusa.
De repente, ele pega dois livros infantis na sequência. Ela perguntou o
porquê”, contou Gigi.
– E o que ele
respondeu?, pergunta a reportagem.
– Ele disse:
“mas o que eu vou conversar com o meu neto quando sair daqui?”
O avô Vaccari
certamente está orgulhoso e feliz e demonstra isso do seu jeito. Foi assim
quando viu seu neto com calça jeans pela primeira vez. Nayara conta que quando
levou João para conhecer o avô, Vaccari não conseguiu expressar a alegria e,
emocionado, repetiu diversas vezes a mesma frase: “Esse meu neto parece um
homem de calça jeans”.
Quem sabe estava
sonhando com o futuro,
quando puder passear de mãos dadas com seu
neto, livre.