Hoje cedo ouvi um comentarista político falar que quem está mandando no Brasil é a dupla Cunha e Renan. Será? Outro jornalista diz que é Levy e Dilma. Será? Outros analistas acham que os banqueiros estão dando as cartas na economia e que Dilma está tolerando tudo em nome da necessidade dos ajustes fiscais e da manutenção da avaliação de risco do Brasil.
Enquanto as empresas internacionais (inidoneas) de análise de risco não definem se o Brasil vai ser rebaixado ou não, o Brasil vira uma casa de mãe Joana onde todo mundo manda e ninguém obedece...
O curioso é que, se em vez de cada um querer resolver sozinho, se constituísse uma mesa de negociação onde todos fossem ouvidos e se criasse um "consenso mínimo", provavelmente o clima do país estaria melhor.
Por que não se tenta? Levy só fala com os conservadores. O PMDB fala com os empresários e negocia sua pauta. Os juízes negociam benefícios corporativos. A Polícia Federal faz política partidária. E o povo sofre este clima de fim de festa. E a presidente Dilma?
Vejam esta matéria publicada no jornal Valor de hoje, com a opinião do presidente do Bradesco. Mesmo ponderando alguns problemas, considero a opinião de Trabuco, presidente do Bradesco, de alta relevância para o Brasil. Leiam e avaliem....
Ajuste é 'necessidade absoluta' ,
afirma presidente do Bradesco
Por Talita Moreira - Valor – 07/04/2015
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos
Trabuco, disse ontem que o país vive um "rito de passagem para resgatar a
credibilidade da contabilidade pública". "O ajuste [fiscal] é
necessidade absoluta, não existe plano B nem plano C", afirmou o executivo
ao abrir um evento do banco com investidores em São Paulo. "O que existe é
a necessidade imperiosa de que as finanças públicas possam ter a credibilidade
para restaurar a confiança."
Trabuco disse que a meta de superávit primário
é factível. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, egresso do Bradesco, se
comprometeu a gerar um superávit equivalente a 1,2% do PIB neste ano.
Na leitura de Trabuco, 2015 não será um
ano para comemorar o crescimento do PIB, mas um período de "mudança de
métodos" para enfrentar uma nova agenda no próximo ano. Segundo ele, é
"muito salutar" que a presidente Dilma Rousseff tenha optado por um
caminho que evita um prolongamento da crise econômica.
O presidente do Bradesco disse estar
otimista com a aprovação das medidas de ajuste fiscal pelo Legislativo.
"Nossa percepção é que o Congresso, independentemente de suas
contradições, não vai virar as costas para a necessidade de apertarmos o
passo", ressaltou.
Nas últimas semanas, Levy tem feito
sucessivas visitas ao Congresso para explicar e defender itens do ajuste que
dependem da aprovação dos parlamentares. Trabuco elogiou a
"capacidade" da equipe econômica e destacou que o tripé de
sustentação da política econômica "voltou". Com isso, vai ser
possível, mais à frente, "dar uma derrubada nos juros", de forma a
não onerar demais o Tesouro Nacional. O executivo não quis estimar um prazo
para que o ciclo de aperto monetário comece a ser revertido.
O presidente do Bradesco destacou que o
crédito no banco está aberto e avaliou que a economia brasileira tem boa
velocidade de resposta. "Não existe nenhum constrangimento [no sentido] de
reter e não operar no crédito."
Porém, ele também citou que um dos
principais desafios do setor é encontrar "a velocidade adequada" de
expansão dos financiamentos. "O crédito chegou a 56% do PIB e tem papel
fundamental para desenvolvimento do país. Mas tudo a seu passo. Se a gente
achar que, de uma hora para outra, crédito a 100% [do PIB] resolve nossos
problemas, teremos outros problemas", afirmou.
Segundo Trabuco, o país terá de
discutir e estruturar um novo formato para o crédito à infraestrutura.
"Aquele modelo clássico de o Tesouro capitalizar um banco de fomento e ele
ser o repassador vai ter de ser revisto obrigatoriamente", ressaltou.
"Só que isso não se faz do dia para a noite, vai ter que ter processo de
transição."
O presidente do Bradesco afirmou que os
bancos privados têm "apetite e disposição" para aumentar o
financiamento ao setor de infraestrutura. No entanto, observou, não poderão
correr risco de funding, de prazo e de taxa de juros para oferecer condições
parecidas com as que hoje são praticadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES). "Eu estaria criando um problema para mim
mesmo", disse.
Para Trabuco, a retomada da economia
também passa pela reorganização do setor de óleo e gás. "Vai ter de
consertar a turbina em voo”, afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário