O perigo da não contextualização
É comum a
imprensa e os analistas econômicos enaltecerem os grandes crescimentos
econômicos de países em períodos de Ditadura Militar. Isto vale para o “milagre
brasileiro” nos anos 70, a ditadura chilena de Pinochet com sua Reforma da
Previdência e privatização de tudo, a Coreia do Sul nos pós Guerra e mais
recentemente a China “Comunista”.
O jornal
Valor fez uma materia sobre a paletra do economista Delfim Netto sobre a
importância do comercio exterior no crescimento do Brasil.
Lendo com
calma a matéria, vemos que o grande crescimento do comercio exterior brasileiro
foi durante a ditadura militar.
Curiosamente,
quando começa a redemocratização do Brasil e a presidencia de um civil, a
participação brasileira no mercado global diminui. Quando Delfim compara o
Brasil com a China, as contradições são ainda maiores.
Em 1985, o
Brasil tinha o mesmo tamanho (0,9%) que a China (1%) no mercado internacional.
Lembrem que 1985 foi o marco da redemocratização brasileira. Já em 2013,
enquanto a participação brasileira na media global caiu para 0,7%, enquanto que
a China chegou a 16,6%.
Será que
Delfim e os empresários brasileiros defendem o modelo econômico e político da
China atual? Aqui a política é uma zona total, enquanto na China, lá tem quem manda
e quem obedece. Sem eleições e imprensa livres e sem liberdade de manifestação.
Fica o
registro para os especialistas e empresários pensarem. Afinal, já temos gente
indo para as ruas pedindo a volta dos militares…
Leiam a matéria do Valor:
Problema do Brasil foi ter jogado fora o
comércio exterior, diz Delfim Netto
Por Juliana Elias | Valor - 06/11/2014 às 15h24
O economista
Antonio Delfim Netto estima que a indústria brasileira tenha perdido R$ 370
bilhões, entre 2002 e 2014, soma do que deixou de exportar para o resto do
mundo e também de produzir em troca de importar. Para ele, está na indústria, e
no comércio exterior, a principal explicação para o país ter parado de crescer.
“O Brasil não
cresce porque a indústria não cresce. E a indústria não cresce porque o país
jogou fora o comércio exterior, que é um de seus motores mais importantes”,
disse o economista, ex-ministro da Fazenda, durante seminário com empresários
na Acrefi, em São Paulo.
Um exemplo disso
é o uso que o governo tradicionalmente fez do câmbio como política de controle
de preços, em vez de política industrial ou comercial. “As exportações não
cresceram porque faltou uma política cambial previsível. Há 30 anos o país vem
usando o câmbio para controlar inflação e abandonou a prioridade de uma tarifa
de câmbio competitiva para a indústria.”
O resultado foi
uma perda crescente na participação do país no comércio exterior.
Delfim estima que, de 1962 até 1986, o país multiplicou por dez sua fatia no total
de bens e serviços que circulam pelo mundo (saiu de 0,05% pata 0,95%), mas dali
para frente a trajetória foi decrescente. Hoje, essa participação caiu para
praticamente à metade do pico alcançado nos anos 1980.
O encolhimento coincidiu também com o avanço
exponencial da China
sobre a economia mundial, fenômeno contra o qual o país acabou não se
equipando: entre 1983 e 1985, exemplificou, a participação do Brasil no
comércio mundial foi de 0,9% do total, ao lado de uma fatia de 1% para os
produtos chineses.
Entre 2011 e
2013, a média brasileira caiu para 0,7%, enquanto a China conquistou 16,6% do
bolo global. (Juliana Elias
| Valor)
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