Clovis Rossi explica como
É evidente que Clovis Rossi
explica como os conservadores estão derrubando o governo da Tailândia e não explica diretamente como estão fazendo isto no Brasil.
No entanto, quando vemos o comportamento
da imprensa, as ações do Judiciário, as manifestações e greves misteriosas e o
comportamento das oposições ao governo Dilma e ao PT, o que nos diferencia da
Tailândia, do Egito, de Honduras ou mesmo do Paraguai, é que no Brasil ainda
não “chamaram” publicamente os militares.
Mas o golpe está em
andamento…
Depois das greves do
policiais de Pernambuco, Bahia e agora a greve da policia civil e mesmo dos
ônibus em várias cidades, onde se cria o clima de ingovernabilidade, esta
matéria de Clovis Rossi pode servir como alerta aos “entendidos” ou mesmo uma
mensagem.
Até a Polícia Federal está
ameaçando entrar em greve! Só governos fracos permitem que policiais civis e
militares entrem em greve e boicotem à governabilidade.
Por ironia do destino, as
Forças Armadas que historicamente serviram aos conservadores, podem ser
chamadas a servir ao povo brasileiro e inibir qualquer tentativa de golpe
jurídico, parlamentar ou mesmo militar.
O voto democrático continua
sendo a melhor solução.
Precisamos garantir que o povo exerça a democracia e
escolha seu destino.
Leiam abaixo a materia
Clovis Rossi. Este entende das coisas…
Movimentação de elite e militares segue
figurino notabilizado na América Latina
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA – 21/05/2014
Se você não tem votos
suficientes para ganhar uma eleição, bata às portas dos quartéis. Essa lei não
escrita da política, tão conhecida na América Latina, explica a versão
"light" de um golpe militar, dada na Tailândia, na forma de estado de
sítio e imposição da lei marcial.
De fato, o grupo
político de Thaksin Shinawatra, eleito primeiro-ministro em 2001 e deposto
pelos militares cinco anos depois, ganha todas as eleições desde então, com os
votos principalmente do interior e dos mais pobres.
É algo que as classes
médias e as elites tailandesas não conseguem suportar, o que as leva a recorrer
a todos os artifícios possíveis, legais e ilegais (como o estado de sítio
agora) para afastar o grupo do poder. Primeiro foi com o próprio Thaksin, hoje
exilado mas a sombra por trás do trono da irmã Yingluck.
Duas semanas atrás, o
golpe foi mais original: tomou a forma de ordem da Corte Constitucional para
que Yingluck abandonasse o poder.
O que vem agora? O
primeiro-ministro interino, Niwattumrong Boonsongpaisan, assegura que a
Tailândia celebrará eleições no próximo dia 3 de agosto.
É improvável que baste
para resolver a crise. Afinal, o clã Shinawatra ganhou o pleito mais recente,
realizado em fevereiro, faz, portanto, apenas três meses. Não houve, de lá para
cá, nenhuma alteração substancial --salvo os percalços enfrentados pelo governo
legítimo-- que faça supor que, desta vez, os Shinawatra perderão. Michael Peel,
do "Financial Times", relata assim o que pensam os críticos dos
militares:
"[A intervenção
militar] é parte de um golpe gradual cuidadosamente orquestrado pelo
establishment tradicional, em que as Forças Armadas estão agindo para reforçar
os protestos de rua apoiados pela elite, que carece de suporte de âmbito
nacional, mas estão respaldando seus simpatizantes nas principais instituições
civis e militares para uma campanha destinada a suspender o Parlamento e
instalar, no lugar dele, uma Junta não eleita".
Não seria nenhuma
novidade: os militares foram responsáveis por 18 golpes de Estado nos 82 anos
decorridos desde o fim da monarquia absoluta, em 1932.
A reação das elites se
deve aos programas típicos do populismo implantados pelo clã Shinawatra, que
pode se gabar de dados econômicos bastante bons: o desemprego é de 0,9% da
população economicamente ativa, e a inflação não passa de 2% ao ano.
O problema para o governo deposto é que
os protestos bancados pela elite e que serviram para chamar os militares
provocaram retração na economia, que encolheu 2,1% no primeiro trimestre,
comparado com o último trimestre de 2013.