Neste final de semana, ao dar uma zapeada na TV, deparei-me
com Caetano cantando. Era apresentação do vídeo Abraçaço, mas a
música era Reconvexo, que fez sucesso com Maria Bethânia.
O curioso era que, toda vez que Caetano cantava “Quem não
rezou na novena de Dona Canô?”, o grande público ovacionava Dona Canô. Eu
ficava impressionado! Apesar de ser um vídeo sobre o disco novo de Caetano, o
público cantava junto as músicas antigas e homenageava Dona Canô.
Assisti até o final do vídeo e fiquei olhando aquele Caetano
sério, sóbrio e sem a alegria dos velhos tempos. O conjunto era muito bom,
jovens com grande capacidade musical e contentes em acompanhar aquele ícone
brasileiro.
Continuo gostando muito de Caetano, apesar da sua fase
polêmica atual e de seus últimos discos não fazerem meu gênero.
O primeiro disco que comprei na vida foi um compacto com
duas músicas cantadas por Caetano, de um lado era “Charles Anjo 45” e o outro
lado eu não me lembro qual era a música. Isto foi em 1970. O segundo disco foi
aquele LP que Caetano canta Irene, Os Argonautas, Carolina e o Trio Elétrico,
também em 1970. De lá para cá, compramos quase todos.
Nossa filha, quando estudava na Escola da Vila, teve como tarefa de final de ano, cantar, todos juntos, o hino de São Paulo, composto por Caetano. Imaginem a cena, um pai coruja, baiano, imigrante dos anos 70, ver e ouvir sua filha cantar com os colegas, a belíssima música sentimental de Caetano - SAMPA?
Caetano, como Gil, Elis, Milton e Chico, fazem parte da nossa geração e da nossa vida.
Hoje, ao pegar os jornais antes do café da manhã, vi na capa
do Estadão, que no Caderno 2 havia uma matéria sobre o novo disco de Caetano.
Mas a matéria fala mais sobre a polêmica das Biografias. A pauta da imprensa –
as biografias dos artistas – queimou a pauta do artista – o novo disco.
Ao ver e ouvir o grande público de Caetano homenagear Dona
Canô, lembrei-me que, num show de Caetano nos 200 anos do Banco do Brasil, ele
contou que Dona Canô era correntista do BB e adorava ir na agência, em Santo
Amaro do Purificação, na Bahia. Quando Dona Canô chegava na agência, todo mundo
corria para atendê-la, oferecer cadeira, cafezinho e atendimento vip. Além de
ela ser uma autoridade na comunidade, era também a mãe de Caetano e Bethânia.
Apesar da idade avançada de Caetano, apesar da modernidade
de seus últimos discos, no fundo, no fundo, tanto Caetano, como seu público
fiel, continuam como parte da vida de Dona Canô e da velha Bahia.
E o Abraçaço de Caetano, em homenagem a Dona Canô, também é
um abraço ao velho Recôncavo Baiano, de tantas histórias e lembranças. É a
Refazenda do Recôncavo que Reconvexô.....
E Gil, junto com Caetano, ainda cantam para o Brasil:
“Aquele Abraço!”
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