Economia brasileira na realidade
Ainda tentando aprender a usar o IPad, vou tentar reproduzir o texto do
sempre bom jornalista econômico José Paulo Kupfer, do Estadão. Como ainda não
sei tirar as janelas do texto original, vai assim mesmo para ver o que
acontece.
Apesar da oposição diária da imprensa, ainda existem profissionais que
"não estão a venda".
“Retrospectiva” 2014
31 de dezembro de 2013 | 15h16 - Estadão
José Paulo Kupfer
Não chegou a configurar exatamente uma surpresa, mas diferentemente dos anos anteriores, quando os analistas foram obrigados a fazer ajustes para baixo em suas previsões iniciais, desta vez a evolução dos principais indicadores exigiu, ao longo dos meses, sucessivas revisões para cima. Terminado o ano, constatou-se que os resultados acabaram superando positivamente as expectativas do mercado.
Na última pesquisa
do ano anterior, os analistas projetavam para o ano seguinte crescimento
econômico de 2%. A expansão de 2,8%, no fechamento do período, confirmou que,
na prática, um pessimismo excessivo contaminara as estimativas no começo do
ano. A recuperação da balança comercial, com um saldo positivo de US$ 12
bilhões, também um pouco acima das projeções, reforça essa impressão.
Esses resultados,
assim como o do déficit em transações correntes, 10% menor do que o do ano
anterior, e o ingresso de investimentos diretos estrangeiros, 10% acima das
previsões no começo do ano, de todo modo, não sustentam a ideia de que era o
caso de projetar a evolução dos indicadores econômicos com lentes cor-de-rosa.
Medida pelo IPCA, a inflação, que bateu em 6,3%, no limite do teto da meta, só
comprova que, se não havia razão para tanto pessimismo, também não havia para
otimismo.
A relativa melhora
dos indicadores se deveu, basicamente, a ajustes tanto nas contas públicas quanto
nas contas externas, dois departamentos críticos da economia, que enfrentaram
desequilíbrios preocupantes no ano anterior. Contrariando premissas
convencionais, o ano eleitoral não operou como senha para descontroles nos
gastos públicos, assim como a reversão dos estímulos monetários nos Estados
Unidos não promoveu o desarranjo previsto nos mercados financeiros globais.
No caso das contas
públicas, a sombra de um rebaixamento da nota de risco do País funcionou como
freio à tentação de continuar recorrendo a manobras contábeis. Além disso, a
obtenção de superávit primário na vizinhança de 2% do PIB — suficiente para
evitar elevação da dívida pública — foi facilitada pelo menor reajuste do
salário mínimo, redução nas desonerações e novas receitas oriundas de leilões
de concessão de infraestrutura.
O lado externo,
diferentemente do que se imaginava, acabou sendo beneficiado pela recuperação
da economia americana — que ajudou a sustentar uma modesta, mas positiva,
retomada geral dos mercados globais. Também ajudou o modo cuidadoso como foi
conduzido o processo de desmonte da gigantesca operação de injeção de liquidez
levada a efeito pelo Federal Reserve, nos últimos anos.
Inevitável, a alta
dos juros nos EUA foi de algum modo controlada, dissolvendo o risco de uma fuga
desabalada de capitais dos mercados emergentes, o que permitiu, no caso do
Brasil, manter o fluxo de investimentos diretos estrangeiros. Diante do quadro
externo menos tumultuado, o Banco Central moderou as elevações da taxa Selic e,
em consequência, abriu espaço para uma suave aceleração nas desvalorizações do
real, com impacto diluído sobre a inflação. Nesse ambiente, as
exportações, sobretudo de manufaturados, recobraram parte do ânimo perdido em
anos anteriores, com reflexos também na produção industrial e nos
investimentos, que já vinham melhorando com leilões de concessão e obras para a
Copa do Mundo.
Com altos e baixos,
em resumo, a travessia do ano foi feita e o saldo pode ser considerado
positivo. Fica uma base um pouco mais equilibrada para as reformas
indispensáveis que terão de vir a partir de agora.
* * *
As “projeções” desta “retrospectiva”
do ano que ainda vai começar são intencionalmente otimistas, mas não
irrealistas. É um modo de transmitir, com a chegada do novo ano, uma mensagem
de renovada esperança em novos tempos de paz e realizações para todos. Feliz 2014!
Gilmar, o ipad é bom... Só uso ele... Já o seu blog: espetacular! Feliz2014 a todos! Abs fraterno.
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