Eles preferem o
Neoliberalismo
O
jornal Valor entrega o ouro e assume que prefere o Neoliberalismo. Para isto,
consegue até fazer reportagem dizendo que os banqueiros também preferem os
Neoliberais. Grande novidade!
A vantagem agora é que eles saíram do armário e
assumem seu conservadorismo.
Dilma
e o PT que abram os olhos. Vejam parte da reportagem.
Setor financeiro quer
mudança no Planalto
Valor - Por
Talita Moreira | De São Paulo – 21/01/2014
A
campanha eleitoral nem começou oficialmente, mas a alta esfera do mercado
financeiro já tem seu cenário ideal. Não há uma inclinação clara por um
candidato, mas, na visão de banqueiros e gestores de recursos ouvidos pelo Valor,
o melhor dos mundos seria que a presidente Dilma Rousseff não se elegesse para
um segundo mandato. No entanto, eles próprios consideram essa possibilidade
muito remota.
Alguns
têm simpatia pela dupla formada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos
(PSB) e pela ex-senadora Marina Silva (PSB). Outros gostariam de ver Aécio
Neves (PSDB) no Planalto. Porém, acima da preferência por um outro candidato,
está o desejo de mudanças na condução da política econômica.
O que
agrada ao mercado, sobretudo, são os nomes dos conselheiros econômicos por trás
dos candidatos de oposição. Aécio conta com o apoio de peso do ex-presidente do
Banco Central Arminio Fraga, sócio da Gávea Investimentos. Campos e Marina têm
o respaldo do economista Eduardo Giannetti, também adepto de uma linha de
pensamento pautada pelo controle da inflação, pela livre flutuação do câmbio e
pelo controle fiscal - o chamado tripé macroeconômico. São questões que, na
visão de fontes de instituições financeiras, foram deixadas de lado no governo
atual.
"A
reeleição já está no preço [dos ativos]. Qualquer outro que seja o vencedor
levará a uma alta no mercado", afirma um graduado banqueiro. O mesmo
raciocínio é ouvido em algumas das principais instituições financeiras do país.
Não que
haja algo especificamente contra Dilma ou o PT. O problema, dizem essas fontes,
é que a condução da política econômica tem deixado a desejar. O temor é que o
afrouxamento fiscal visto em 2013 se aprofunde num segundo mandato.
A
preocupação com o futuro não é o único fator que desperta receio. Ainda está
viva na memória dos banqueiros a cruzada promovida por Dilma em abril de 2012
contra os spreads, o ganho dos bancos nas operações de crédito. Meses depois, o
governo ensaiou um movimento semelhante com as tarifas bancárias. Além da
pressão política para que as instituições reduzissem as taxas cobradas, o
governo mudou a concorrência ao usar os bancos públicos para puxar para baixo
os juros de diversas linhas.
O clima,
porém, já foi pior. Medidas recentes adotadas pelo governo com a promessa de
controlar as contas públicas foram bem recebidas e poderiam reverter o cenário
atual. Mas é preciso tempo para saber se houve, de fato, uma mudança de rumo ou
se são ações pontuais, diz fonte de um banco.
Ao longo
dos últimos dois meses, o Valor conversou sobre eleições com duas dezenas de executivos de algumas das
principais instituições financeiras do país. Todos falaram sob a condição
de que seus nomes não fossem revelados.
Em alguns
casos, há uma simpatia mais clara pela aliança Campos/Marina, que representaria
uma fonte de renovação para a política. Foram muito bem recebidas, no ano
passado, declarações dadas por eles na defesa de uma política fiscal mais
austera. Para esses interlocutores, faltaria a Aécio Neves o fator
"novidade". Na opinião de um banqueiro, o PSDB não soube renovar seu
projeto político e faltaria carisma ao candidato tucano.
Outra
frente, no entanto, prefere Aécio justamente por representar um nome mais
consolidado entre os eleitores e um projeto sem grandes surpresas. Quem defende
essa linha de raciocínio acha que falta a Eduardo Campos se tornar mais
conhecido. "Ele tem feito um bom trabalho em Pernambuco, mas ninguém o
conhece muito bem", observa um executivo.
Na
tentativa de ganhar mais trânsito entre as instituições financeiras, Campos e
Marina têm feito um périplo nos bancos. E com isso têm conquistado alguns
adeptos. Recentemente, Campos propôs um encontro com executivos de bancos
médios, onde há uma preferência por Aécio. Depois da reunião, realizada na sede
da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), alguns banqueiros diziam ter mudado
seu voto para Campos.
Ao menos
por enquanto, as instituições financeiras têm evitado adotar posições claras.
Além de o cenário mais provável ser a reeleição, não é praxe entre os bancos
apoiar abertamente um candidato. "De forma bem pragmática, o melhor sempre
é apoiar quem está no poder", diz um vice-presidente de um banco. Por
isso, a cautela na hora de apoiar nomes específicos.
O que as
instituições têm feito é promover encontros com os principais candidatos e com
integrantes da equipe econômica de Dilma para ouvi-los e conhecer melhor suas
propostas.
O Credit
Suisse e o Itaú BBA são dois dos bancos que têm promovido palestras dos
candidatos para grandes clientes. Em outubro, Aécio se apresentou em um evento
realizado pelo BTG Pactual em Nova York com investidores e executivos de
empresas. No mês seguinte, Campos esteve em um jantar promovido por José
Berenguer, presidente do J.P. Morgan.
Em
outubro, uma palestra de Marina no Credit Suisse colocou abertamente no cenário
eleitoral o debate sobre os rumos da política econômica. A ex-senadora deixou
boa impressão nos convidados ao fazer uma defesa veemente do tripé
macroeconômico. Na semana anterior, o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
também havia feito uma apresentação nesse ciclo de debates do banco suíço.
Para um
gestor de recursos, o debate é positivo porque pode, inclusive, levar Dilma a
adotar uma política fiscal mais conservadora.
A
interlocução com candidatos de vários matizes e a preferência por não
manifestar apoios explícitos têm sido a tônica das instituições financeiras nas
eleições mais recentes.
Nem
sempre foi assim. Mais de uma década atrás, a Federação Brasileira de Bancos
(Febraban) chegou a ter uma postura mais política. Trabalhava para a entidade,
por exemplo, o consultor político Ney Figueiredo, fundador do Centro de
Pesquisas de Opinião Pública da Unicamp.
Desde que
a Febraban passou a contar com a presença dos bancos públicos na sua diretoria,
deixou de fazer sentido para a entidade levantar qualquer tipo de debate
político. Agora, os bancos adotam posturas mais individuais. (Colaborou
Carolina Mandl)
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