Dois símbolos da cultura nacional
No mundo moderno, além de termos de ler vários jornais, ficamos dependentes também da internet. O problema é quando os jornais têm um descompasso com a internet. Esta é uma doença comum no Estadão.
Ontem saiu um texto maravilhoso de Zuza Homem de Mello sobre o filme-documentário “Paulo Moura – Alma Brasileira”, como normalmente eu não consigo identificar no site do Estadão o texto do mesmo dia, deixei para “baixar” hoje.
Quando fui procurar o texto hoje, por acaso, resolvi dar uma olhada no site do próprio jornal, em vez de procurar no Google, para minha surpresa o mesmo texto aparece com OUTRO TÍTULO!!!!
No jornal de ontem: “Tocar para dançar e se divertir”
No site de hoje: “Documentário retrata o músico Paulo Moura”
Ambos com o mesmo conteúdo. Esta confusão dificulta a vida dos leitores.
Mas, qualquer texto e qualquer trabalho de Zuza Homem de Mello, mesmo com os títulos diferentes, sempre ficam ótimos.
Mesmo com a confusão editorial do jornal, leiam o bom texto e o bom conteúdo desta dupla maravilhosa: Zuza Homem de Mello e Paulo Moura.
Documentário retrata o músico Paulo Moura
'Paulo Moura - Alma Brasileira' revê o artista aberto a muitas vertentes e comprova seu talento
07 de maio de 2013 | 7h 14 – Zuza Homem de Mello - Estadão
A figura serena de Paulo Moura (1932-2010), na entrevista que se espalha por todo o filme dirigido por Eduardo Escorel, traz à tona e de viva voz traços marcantes de sua personalidade musical que fica bastante evidente no trecho em que ele se refere com admiração a Pixinguinha.
Sempre vi Paulo Moura como o músico brasileiro que mais se parecia com Pixinguinha,
como instrumentista e com a atividade abrangente de autor, arranjador e regente. O filme Paulo Moura - Alma Brasileira corrobora plenamente minha percepção, a de que meu querido amigo de intermináveis horas de conversas foi não um seguidor, mas uma continuação de Pixinguinha.
Igualmente merece destaque no filme o aspecto que Paulo cultivou por toda a sua vida, de tocar para dançar, como é abordado em outro trecho do depoimento. Tocar para dançar, ao contrário de ser uma atividade secundária, era para Paulo de importância fundamental na sua carreira, e isso o filme também valoriza em vários outros momentos em que está tocando e se divertindo.
Paulo também dava importância ao improviso de caráter jazzístico, o que fica patente no seu solo em Só Louco no programa Jazz Brasil. Na cena seguinte, em que toca com o baterista Paschoal Meirelles, numa execução tão experimental quanto certas gravações do clarinetista/saxofonista Jimmy Giuffre, fica patente seu lado vanguardista. E também quando Paulo toca Mozart, o que apenas músicos como Benny Goodman, um dos que tanto admirou, conseguiram.
Além da atividade de músico aberto a tantas vertentes, uma marca que é valorizada na obra de Paulo Moura através dos 3 instrumentos que tocou em fases diferentes (clarinete, sax alto e sax soprano), Paulo Moura - Alma Brasileira se debruça também sobre sua atuação como regente em várias cenas (quer à frente de uma big band no Festival de Jazz do Anhembi, quer seja dirigindo uma grande orquestra no Teatro Municipal de São Paulo no espetáculo de Milton Nascimento), o que também o coloca como mais que um músico executante.
Paulo mostra através dessas e outras cenas a autoridade musical que pautou sua carreira mesmo quando não soprava o instrumento. Em outras, o filme revela como Paulo se empenhava para superar obstáculos em execuções que marcaram sua trajetória.
Alma Brasileira traz à tona atuações relevantes, valorizando o variado espectro de sua carreira dedicada à música brasileira e - para quem como eu privou de sua amizade por mais de 40 anos, testemunhando sua trajetória - coloca sua figura na posição ímpar, como verdadeiro ícone de inspiração aos jovens.
Paulo Moura - Alma Brasileira não só deixa claro que Paulo dedicou sua vida à música, conseguindo com seu talento e dedicação se tornar um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos, como faz justiça ao reconhecimento que teve em vida no País e no exterior, num exemplo de amor à música por toda a vida.
Do blog:
Paulo Moura com Yamandu Costa...
Saxofone, porque choras?
Choramos de saudade de gente como Paulo Moura.
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