Uma geração pós ditadura e vitoriosa
O Brasil quer ser capitalista mas não sabe como. Nas escolas se ensinam generalidades, nas religiões se ensinam frágeis solidariedades e na vida se ensinam o “salve-se quem puder” e o “vale tudo”.
Os empresários brasileiros vivem das benesses dos governos e do judiciário, e quando suas empresas crescem, vendem-nas aos estrangeiros, gerando uma frustração muito grande aos brasileiros. Vivemos o “complexo de vira-lata”.
Mas, assim como na política, na economia temos bons casos de sucessos. Este trio que a Folha mostra hoje representa bem um grupo que sabe ganhar e também sabe perder. Um grupo que soube romper as fronteiras brasileiras e tornar-se um grupo grande de investidores internacionais. É o lado multinacional brasileiro. Com todos os seus méritos e seus defeitos.
Como dizia uma personagem político famoso: Vergonhoso não é perder, vergonhoso é não fazer nada.
Há vários dias que estou tentando ter tempo para repercutir as informações sobre “os brasileiros donos da Ambev se unem a Buffett e pagam US28 bi pela Heiz“, como deu manchete o Estadão no caderno Economia de ontem. O jornal Valor fez uma boa matéria e a Folha também noticiou com destaque.
Ainda em função do tempo, hoje reproduzo a boa matéria da Folha e voltarei ao assunto em outros dias.
O Brasil continua à Venda, mas também temos gente que sabe comprar empresas no Brasil e no Mundo.
Brasil, o futuro é agora.
Vejam a matéria da Folha.
Trio brasileiro dá as cartas na cena global dos negócios
Sócios do 3G criam cultura de metas, bônus generosos e cortes nos custos
Contrariando fama de oportunistas,
executivos ampliam empresas, se associam a bilionário e sonham com a PepsiCo
Folha – 16/02/2013.
Toni Sciarretta, Claudia Rolli de São Paulo.
Luciana Coelho de Washington
Eles têm alma de banqueiros, só entram em companhias em que podem dar as cartas, chegaram a ser considerados oportunistas nos negócios e hoje mostram a empresários "puro-sangue" como gerir equipes e tornar rentáveis suas empresas.
Eles são os brasileiros do fundo 3G -Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles-, sócios desde o Banco Garantia, que formaram a maior cervejaria do mundo e compraram três ícones do consumo dos EUA: a cerveja Budweiser, a rede Burger King e o ketchup Heinz.
Com a promessa de bônus agressivos e de dar a chance de um office-boy chegar à presidência (caso de Telles, que entrou no Garantia como boy e comandou a Ambev), eles levaram às empresas por onde passaram a cultura da meritocracia, também conhecida como a política da "cenoura e do porrete".
Onde chegavam trocavam os presidentes e traziam para a área financeira executivos capazes de elevar ganhos e cortar custos, mesmo que isso significasse demissões. Instituíram no vocabulário do empresariado brasileiro temas como metas de rentabilidade, eficiência, qualidade de produto e ambição de ganhar espaço fora do Brasil.
A entrada no mundo das empresas aconteceu quando o Garantia comprou a quase falida Lojas Americanas em 1982 e a Brahma em 1989.
Enquanto o mercado apostava que eles sairiam desses negócios, surpreenderam ao patrocinar a fusão com a arquirrival Antarctica, algo como unir Corinthians e Palmeiras.
Nascia a Ambev, surgia a preocupação com a concentração de mercado, e os empresários deixavam de ver os concorrentes como inimigos.
Passaram a enxergar nas fusões a possibilidade de ganhos de sinergia, menor competição e ganhos fiscais -a empresa não paga imposto ao comprar outra por um valor acima do mercado (ágio).
Não só ficaram no ramo de bebidas, contrariando a fama de oportunistas que compravam empresas quase falidas com o objetivo de vendê-las, como transformaram a brasileira Ambev na maior cervejaria do mundo, ao fundi-la com a belga Interbrew e depois com a americana Anheuser-Busch (Budweiser).
Há três anos, compraram o Burger King, que dobrou seu lucro no último trimestre, apostando no corte de custos. A política deve chegar à Heinz, adquirida anteontem em parceria com o bilionário Warren Buffett. No caminho, fica o sonho de adquirir a PepsiCo, rival da Coca-Cola.
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